Analisei se valeria a postagem. Primeiro porque estaria dando visibilidade
a argumentos tão perversos; segundo porque corro o risco de não lerem meu
contraponto, com isto não problematizando o dito.
Porém, não resisti. Meu compromisso com a construção de uma educação pública de qualidade social não me permite calar perante tamanho absurdo!
O tema da Avaliação, em
específico neste post, da progressão continuada, está gerando nos últimos
tempos, no campo da educação, muitos debates. Esse seja talvez o elemento
fundamental: promover o debate, a reflexão e, sobretudo a possibilidade de aprofundamento
sobre as concepções de educação que defendemos.
A pergunta que creio ser
principal, embora já posta exaustivamente, é:
Qual a função social da escola?
Sem exceções, as escolas, nos
seus documentos (Projeto Político-Pedagógico, Regimentos, Planos de Estudos...)
descrevem como Filosofia, resumidamente, a formação de sujeitos críticos e autônomos
capazes de interferirem na realidade.
Pois bem, cremos que para tamanha
tarefa, o ambiente escolar seja o espaço destinado à APRENDIZAGEM, à construção
de conhecimentos. Um desses espaços “sagrados” que jamais serão substituídos por
outro “templo”...
Mas fico a me perguntar:
Por que então passamos a ideia de
que a escola é lugar para avaliar de forma classificatória? “Comporte-se, você
está sendo avaliado!” Sim, comporte-se! Porque a disciplina, a domesticação do
corpo [e da mente] é central neste processo. É a primeira etapa desta fábrica
chamada escola, é a seleção dos “comportados/esforçados” e dos “bagunceiros/os
que não fazem nada”. Segunda etapa: selecionar os capazes e os não capazes de assimilação/repetição. E aí então, a avaliação [o instrumento do poder] servirá de
punição, visto que dentro desta perspectiva o fracasso é exclusiva
responsabilidade do aluno [teorias do séc. XVIII].
Por que damos ênfase ao que o
estudante será capaz de “devolver”, com os mesmos pontos, vírgulas e termos,
aquilo que lhes transmitimos? Cultuamos o conteúdo, não o conhecimento!
Mas pior mesmo é cultuar a lógica
competitiva e excludente que o sistema capitalista imprime nesta sociedade. Há
algo mais perverso que afirmar que o processo educativo deve seguir esta
lógica? Há algo mais insano do que argumentar que a escola deve dar “exemplo à
dura vida em sociedade”, ou que é a competição que “motiva” a aprendizagem????
Para título de analogia: “se a
escola boa, ou ensino bom é o que reprova, o bom hospital seria o que mata?”
É URGENTE A DESNATURALIZAÇÃO DA
REPROVAÇÃO/EXCLUSÃO!
Criticar a Progressão Continuada,
um dispositivo garantido na legislação educacional vigente, dando-lhe o
sinônimo de “automática” é desqualificar a intervenção pedagógica dos
profissionais em educação. Pois, o ensino e a aprendizagem são elementos de um
mesmo processo, e a avaliação está presente permanentemente com a função de
reorientar as práticas educativas, ou seja, deve ser diagnóstica, para que a
aprendizagem seja realidade para todos! Professores e estudantes são sujeitos
ativos na ação de aprender, na qual a pesquisa é o princípio metodológico que
nos proporciona a construção de conhecimentos.
Que a escola realmente não seja
depósito, muito menos fábrica!!! Mas que seja, sobretudo, o lugar onde as
relações estejam pautadas na humanização, que as práticas contribuam para a formação de consciências
críticas e sujeitos capazes de interferirem, com conhecimento, na realidade que
nos circunda!!!