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quarta-feira, 5 de março de 2014

DOS ABSURDOS QUE SÃO COMPARTILHADOS NA REDE:

Analisei se valeria a postagem. Primeiro porque estaria dando visibilidade a argumentos tão perversos; segundo porque corro o risco de não lerem meu contraponto, com isto não problematizando o dito.

Porém, não resisti. Meu compromisso com a construção de uma educação pública de qualidade social não me permite calar perante tamanho absurdo!



O tema da Avaliação, em específico neste post, da progressão continuada, está gerando nos últimos tempos, no campo da educação, muitos debates. Esse seja talvez o elemento fundamental: promover o debate, a reflexão e, sobretudo a possibilidade de aprofundamento sobre as concepções de educação que defendemos.
A pergunta que creio ser principal, embora já posta exaustivamente, é:
Qual a função social da escola?
Sem exceções, as escolas, nos seus documentos (Projeto Político-Pedagógico, Regimentos, Planos de Estudos...) descrevem como Filosofia, resumidamente, a formação de sujeitos críticos e autônomos capazes de interferirem na realidade.
Pois bem, cremos que para tamanha tarefa, o ambiente escolar seja o espaço destinado à APRENDIZAGEM, à construção de conhecimentos. Um desses espaços “sagrados” que jamais serão substituídos por outro “templo”...
Mas fico a me perguntar:
Por que então passamos a ideia de que a escola é lugar para avaliar de forma classificatória? “Comporte-se, você está sendo avaliado!” Sim, comporte-se! Porque a disciplina, a domesticação do corpo [e da mente] é central neste processo. É a primeira etapa desta fábrica chamada escola, é a seleção dos “comportados/esforçados” e dos “bagunceiros/os que não fazem nada”. Segunda etapa: selecionar os capazes e os não capazes de assimilação/repetição. E aí então, a avaliação [o instrumento do poder] servirá de punição, visto que dentro desta perspectiva o fracasso é exclusiva responsabilidade do aluno [teorias do séc. XVIII].
Por que damos ênfase ao que o estudante será capaz de “devolver”, com os mesmos pontos, vírgulas e termos, aquilo que lhes transmitimos? Cultuamos o conteúdo, não o conhecimento!
Mas pior mesmo é cultuar a lógica competitiva e excludente que o sistema capitalista imprime nesta sociedade. Há algo mais perverso que afirmar que o processo educativo deve seguir esta lógica? Há algo mais insano do que argumentar que a escola deve dar “exemplo à dura vida em sociedade”, ou que é a competição que “motiva” a aprendizagem????

Para título de analogia: “se a escola boa, ou ensino bom é o que reprova, o bom hospital seria o que mata?”

É URGENTE A DESNATURALIZAÇÃO DA REPROVAÇÃO/EXCLUSÃO!

Criticar a Progressão Continuada, um dispositivo garantido na legislação educacional vigente, dando-lhe o sinônimo de “automática” é desqualificar a intervenção pedagógica dos profissionais em educação. Pois, o ensino e a aprendizagem são elementos de um mesmo processo, e a avaliação está presente permanentemente com a função de reorientar as práticas educativas, ou seja, deve ser diagnóstica, para que a aprendizagem seja realidade para todos! Professores e estudantes são sujeitos ativos na ação de aprender, na qual a pesquisa é o princípio metodológico que nos proporciona a construção de conhecimentos.
Que a escola realmente não seja depósito, muito menos fábrica!!! Mas que seja, sobretudo, o lugar onde as relações estejam pautadas na humanização, que as práticas contribuam para a formação de consciências críticas e sujeitos capazes de interferirem, com conhecimento, na realidade que nos circunda!!!